Corpo Vivo Corpo Elétrico
O Corpo como uma Rede de Energia: Ciência, Qi & Sabedoria Ancestral
Organizadores: Carlos Aurélio da Silva Pereira, Vanessa Valente Chonge, Sílvia Bernardes Pacheco Marques
Este livro nasce como um espaço de convergência. Ele não pretende reduzir a sabedoria ancestral ao vocabulário da ciência, nem transformar a ciência em metáfora espiritual. Pretende, antes, criar pontes. Porque o futuro da saúde, e talvez mesmo da humanidade, dependerá da capacidade de integrar os saberes, de unir as linguagens e reconhecer que há múltiplas formas de conhecimento e que todas elas podem servir ao bem viver.
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ISBN: 978-65-5255-117-7
Ano de publicação: 2025
Editora: Editora Humanize
Páginas: 168
DOI: 10.29327/5700443
🧾 Como citar este livro (ABNT)
📖 Prefácio
Há livros que se escrevem como rios: fluem, correm, encontram obstáculos, abrem passagem. Há outros que se escrevem como raízes: mergulham fundo na terra, buscam nutrientes no invisível e sustentam o que virá à superfície. Este livro deseja ser ambas as coisas: um rio e uma raiz.
Um rio de palavras que conduz o leitor ao longo de uma paisagem viva, e uma raiz que se aprofunda nas camadas mais subtis da ciência e da sabedoria ancestral.
O título que o inaugura, Corpo Vivo Corpo Elétrico é também uma chave. Ele aponta para uma visão que não separa a materialidade da vibração, mas que compreende o corpo como um organismo dinâmico e uma rede energética. Somos simultaneamente carne e campo, oscilação e matéria, química e ressonância.
Os antigos textos chineses, como o Huangdi Neijing, descreviam o corpo como um microcosmos, refletindo as mesmas leis que regem os céus e a terra. “O homem segue a Terra, a Terra segue o Céu, o Céu segue o Dao, e o Dao segue a Natureza.” Assim, o corpo é visto como um espelho do cosmos, atravessado por correntes que lembram os rios, influenciado pelos ventos, aquecido pelo fogo, nutrido pela terra. Esta visão holística antecipava, em linguagem poética, aquilo que hoje a ciência descreve como sistemas complexos interdependentes.
Por outro lado, a modernidade científica, ao revelar o funcionamento dos neurónios, a condução elétrica do coração e as propriedades biofotónicas da célula, mostrou-nos que somos literalmente elétricos. Cada batimento cardíaco é uma descarga, cada pensamento é um impulso, cada movimento muscular é fruto de correntes iônicas.
Estudos em biofísica celular sugerem que a comunicação entre as células não depende apenas de sinais químicos, mas também de trocas de luz e vibração, uma espécie de diálogo silencioso, invisível ao olho, mas real na sua eficácia.
Neste sentido, a ciência e a sabedoria ancestral não se excluem, mas reconhecem-se mutuamente. O Qi descrito pela Medicina Tradicional Chinesa pode ser interpretado como uma linguagem da energia vital que percorre o corpo. As descobertas sobre piezoeletricidade, biofotónica e a coerência cardíaca oferecem uma base científica que ressoa com essas antigas perceções. Onde a tradição falava de meridianos, a ciência fala de caminhos de condução elétrica nos tecidos conjuntivos. Onde os sábios falavam de Qi estagnado, a biofísica observa as falhas na comunicação celular e nos fluxos energéticos.
Este livro nasce como um espaço de convergência. Ele não pretende reduzir a sabedoria ancestral ao vocabulário da ciência, nem transformar a ciência em metáfora espiritual. Pretende, antes, criar pontes. Porque o futuro da saúde, e talvez mesmo da humanidade, dependerá da capacidade de integrar os saberes, de unir as linguagens e reconhecer que há múltiplas formas de conhecimento e que todas elas podem servir ao bem viver.
